ABSTRACT
A violência e a prática de atos infracionais estão atreladas aos processos de identificação do ser, fatos estes que acabam por constituir a identidade do adolescente autor de atos infracionais. Nesse sentido, o presente artigo visa descrever o perfil socioepidemiológico da população de adolescentes institucionalizados em semiliberdade no município de Santarém, estado do Pará. Tratou-se de um estudo epidemiológico, descritivo, transversal retrospectivo, com abordagem quantitativa, a partir da análise de prontuários dos adolescentes atendidos no Centro de Semiliberdade da Fundação de Atendimento Socioeducativa do Pará, no período entre janeiro de 2013 e junho de 2017. Dentre os resultados encontrados destacam-se: a faixa etária de maior incidência entre 16 a 17 anos (n= 42; 60%), majoritariamente pardos (n= 54; 77%), baixos níveis de escolaridade com prevalência do ensino fundamental incompleto (n= 54; 77%), componentes de famílias de baixa renda, usuários de drogas (n= 65; 93%) roubo e homicídio foram os principais delitos cometidos. Além disso foi detectado doença mental (n= 10; 14%) e histórico de Infecções Sexualmente Transmissíveis - IST (n= 9; 13%) entre os jovens pesquisados. Assim, observa-se que, de acordo com o perfil encontrado e frente à vulnerabilidade desta população, sendo necessário um processo de intervenção, de acordo com o perfil socioepidemiológico encontrado, pautado nas ações da Atenção Primária em Saúde, tendo a educação em saúde como instrumento na promoção de uma assistência de qualidade para esta população e junto à família, atuando nos fatores que interferem no processo do adoecer, e nesse caso, do adolescente em conflito com a lei.
Violence and the practice of breaking the law are linked to the process of one's identity, facts that end up constituting the identity of the adolescent who commits infractions. In this sense, this article aims to describe the socio-epidemiological profile of the population of detained adolescents in semi-liberty in the municipality of Santarém, state of Pará. This was an epidemiological, descriptive, and retrospective cross-sectional study with a quantitative approach, based on the analysis of medical records of adolescents treated at the Semi-Liberty Center of the Foundation for Socio-Educational Assistance of Pará, between January 2013 and June 2017. Among the results found were: the age group with the highest incidence was between 16 and 17 years (n= 42; 60%), mostly mixed race (n= 54; 77%), low levels of education with prevalence of incomplete elementary education (n= 54; 77%), members of low-income families, drug users (n= 65; 93%), and robbery and homicide were the main crimes committed. In addition, mental illness (n= 10; 14%) and a history of Sexually Transmitted Infections - STIs (n= 9; 13%) were detected among the young people surveyed. Thus, it is observed that, according to the socio-epidemiological profile identified and given the vulnerability of this population, an intervention process is necessary based upon the actions of Primary Health Care, where health education acts as an instrument in the promotion of quality care for this population, and with their family they act on the factors that interfere in the process of this juvenile, in trouble with the law, becoming ill.